domingo, 30 de janeiro de 2011

No vale dos vulcões

Chegamos a Arequipa às 17h e a guia que nos buscou no aeroporto já emendou um passeio, pois como estávamos atrasados se não fizéssemos naquela hora teríamos que abrir mão, pois não daria tempo no dia seguinte.
 Sandra, Joceli, eu, Ivani e João, no Convento de Santa Catalina de Siena em Arequipa - setembro de 1988.

E lá fomos nós conhecer o Convento de Santa Catalina de Siena, muito lindo, porém com a fome que estávamos não pudemos apreciar da maneira que desejávamos. Finalmente fomos para o hotel e pudemos comer e descansar depois de um dia tão atribulado e cheio de emoções.
Arequipa é uma cidade grande ao sul do Peru e encontra-se aos pés do vulcão Misti. O Misti teve grandes erupções entre os anos de 1438 e 1471. Após isso houve outras erupções de menor intensidade sendo a última em 1870.

 Eu na campina em Arequipa com o vulcão Chachani ao fundo.

Na região de Arequipa podem ser encontrados cerca de 80 vulcões na região denominada Vale dos Vulcões. As construções de Arequipa em sua grande maioria são feitas de sillar, uma rocha vulcânica de cor esbranquiçada. Em razão disso a cidade também é conhecida como cidade branca. No centro da cidade existem belas construções e foi nomeado pela Unesco como patrimônio da humanidade.

 Entrada do Hotel El Conquistador em Arequipa.

Ficamos no Hotel El Conquistador, muito lindo, em estilo espanhol cercado por uma muralha. Aí como sempre a Ivani teve uma “grande ideia”, fotografarmos o vulcão lá de cima do terraço do hotel. Fizemos uma escalada até lá e tinha uma mureta impedindo a visão do vulcão. Bom, adivinhem para quem sobrou a incumbência de subir na mureta? Lógico, pra mim, pois segundo ela eu era mais magrinha, mais leve, então isso facilitaria. Claro, subi, tirei as fotos e na hora de descer a maior dificuldade. Fiquei com medo de pular e como estava de saia fiquei numa situação ridícula.
E a Ivani onde estava neste momento? Morrendo de rir e com a câmera na mão fotografando o mico. Fiquei uma fera com ela. Depois ela ainda me deu a foto de presente, a danada.

Malu Pedarcini

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Turbulência

Nosso guia em Puno foi o Dante, um rapaz esforçado e trabalhador, mas que vivia com muita dificuldade. Contou-nos que o seu maior sonho era comprar um fusca, mas isso era praticamente impossível com o que ele ganhava e tinha mulher e filhos para sustentar. Resolvemos que quando fossemos embora de Puno daríamos uma bela gorjeta para ele. E assim fizemos, arrecadamos o que nos restava da moeda local e demos para o Dante para recompensar a atenção e carinho com que nos tinha tratado.
Clique na imagem para ampliar
Sandra, Ivani, eu, Dante (nosso guia em Puno) e João - setembro de 1988.

Íamos pegar um voo para Arequipa que saia da cidadezinha de Juliaca. Demos adeus a Puno já com saudades, pois passamos dias maravilhosos por lá. Fomos para o aeroporto logo cedo, pois nosso voo estava marcado para as 11h30. Chegamos, fizemos o check-in e ficamos esperando a hora do embarque. O aeroporto de Juliaca mais parece uma rodoviária do interiorzão do Brasil. Chegou à hora de embarcarmos e nada. Esperamos mais um tempão e começamos a sentir fome. Fomos até a lanchonete e surpresos constatamos que não tínhamos dinheiro peruano para pagar o lanche. Quisemos pagar em dólar, porém não aceitaram, pois não faziam câmbio. E agora? Estávamos numa sinuca de bico. Pensamos em esperar mais um pouco e aí almoçaríamos no avião.

Sobrevoando os Andes

As 14h30 a aeronave aterrissou e logo a seguir um cortejo atravessou o aeroporto rumo ao avião carregando um caixão. Quase tive um treco, estava embarcando no nosso avião. A Ivani para me tranquilizar disse que aquilo era bom, pois o morto nos protegeria. Mal sabia ela o que iríamos enfrentar dali a pouco.
E finalmente embarcamos já quase às 15h e mortos de fome. Estávamos aguardando ansiosamente a refeição e eis que a comissária de bordo aparece com uma bandejinha com duas balinhas. Eu peguei uma e a Joceli outra, os demais ficaram sem. Também o que se esperar de um voo da Aeroperu naquele fim de mundo. De repente o avião começou a sacolejar feito um louco. Estávamos sobrevoando os Andes debaixo da maior tempestade. Achei que era o fim da linha. Fiquei até imaginando se caíssemos e alguém sobrevivesse quem comeria quem, lembrando o acidente acontecido anos antes onde os sobreviventes se alimentaram dos que tinham morrido. A Ivani que nunca foi religiosa me segurou pela mão e começou a rezar um Padre Nosso. Depois de alguns minutos de medo conseguimos sair da zona crítica e o voo transcorreu tranquilo até o destino. A fome até passou depois do susto.

Malu Pedarcini

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sillustani: uma das maiores necrópoles do mundo

 Lago Umayo, em Sillustani - Peru - setembro de 1988.

No outro dia fomos até Sillustani, situado num planalto andino, a mais de 30km de Puno. Sillustani é uma das maiores necrópoles do mundo. Rodeada por paisagem de incrível beleza que parece se resumir nas serenas águas da lagoa Umayo, o complexo arqueológico se destaca pelas gigantescas "chullpas" (espécie de torres de pedra), feitos por collas e incas para enterrar seus mortos.
Algumas a cair, outras de pé como torres de xadrez se negando ao passar do tempo.

No meio dos pampas, a mais de 3.900m sobre o nível do mar, o silêncio parece ter encontrado o seu reino e o vento sopra com força, como a querer perturbar o descanso dos mortos.
Seus verdadeiros arquitetos, mestres na arte de erigir colossos de pedra, escolheram para sua maior obra um espetacular cenário: um cume frente à lagoa de Umayo, que mesmo sem ter as dimensões nem a aura legendária do Titicaca, conquistam os sentidos e causam admiração.
As "chullpas" parecem tomar de assalto a meseta alto-andina. São quase 90 numa área de 150 hectares. Muitas delas superam os 12 metros de altura e tem um maior diâmetro na parte superior que na base. Um enigma às leis da gravidade e ao equilíbrio. Um detalhe que as faz únicas no continente.

Estranhos mausoléus de idade indecifrável. Suspeita-se que foram feitos no século X. Tumbas de nobres collas, morada eterna dos Filhos do Sol, que ao dominar estas terras, lhe somaram características arquitetônicas similares às do Templo do Sol ou Corikancha em Cusco, e a Fortaleza de Ollantaytambo, no Vale Sagrado dos Incas. Os mortos eram enterrados em posição fetal e as portas das tumbas direcionadas para o leste (sol nascente).
Sillustani é língua aymara, que traduzida ao castelhano significa "forma de unha".

Malu Pedarcini


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Titicaca, o lago mais alto do mundo

Puno é uma cidadezinha pequena e pobre localizada as bordas do Lago Titicaca e com 3.860m sobre o nível do mar. Antes da expansão do império incaico, a área que hoje é conhecida como Puno, situada no sul do Peru, era dominada pela cultura Tiahuanaco.
Puno era o berço da civilização incaica. Conta a lenda que das águas do Titicaca - o lago navegável mais alto do mundo e o segundo maior na América do Sul com 8.400 quilômetros quadrados de superfície - Manco Capac, o primeiro inca, emergiu para fundar um império como havia sido ordenado pelo Deus Sol.

 Sandra e eu no passeio de barco pelo Lago Titicaca

Em Puno fomos fazer o passeio de barco pelo Lago Titicaca, famoso por sua altitude. Desembarcamos na Ilha de Foroba para apreciar a paisagem e depois fomos até as ilhas flutuantes dos índios Uros.

As ilhas são construídas com vegetação local, os juncos, que são cortados e colocados uns sobre os outros. Com o tempo há a sedimentação formando as ilhas flutuantes. Nestas ilhas vivem os antigos descendentes dos índios Uros que sobrevivem do artesanato e da pesca.

As mulheres passam o dia preparando o junco para a construção de embarcações e beneficiando grãos por um processo rudimentar (socando com pedras). A religião predominante entre eles é a católica.

 Eu com um indiozinho Uro numa ilha flutuante do Lago Titicaca

Os Uros criam até porcos nestas ilhas. Ao todo existem 45 ilhas flutuantes no Titicaca. Quando estávamos no barco a Ivani toda cheia de sabedoria nos deu uma lição sobre o lago. Segundo ela tinha lido em algum lugar, o Titicaca é tão profundo que tem ligação com o oceano por meio de túneis nas suas profundidades. Começou a beber da água do lago e nos disse para bebermos também, pois era uma água mística, puríssima. Quando estávamos chegando à ilha dos Uros e vimos àquela porcada fazendo o maior furdunço na água ficamos arrepiadas. Eu disse para a Ivani que se não pegássemos uma infecção estaríamos imunizadas para sempre. O irônico da questão é que a única que teve uma diarréia horrível foi ela. Os outros não tiveram nada. Por, isso digo sempre aos meus amigos, que quem bebeu água do Titicaca, cheia de fezes de porcos, pode comer e beber qualquer coisa que não faz mal. Depois rimos muito por conta desse episódio.

Malu Pedarcini

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Chegando a Puno

 O trem que vai de Cusco até a cidade de Puno, no Peru - setembro de 1988.

 Povoado de Tinta, no Peru - setembro de 1988.

 Eu, Sandra e Joceli, no porto no Lago Titicaca, em Puno - setembro de 1988.

Passamos o dia inteiro em Machu Pichu e almoçamos no restaurante que se localiza dentro do sítio arqueológico. Foi a primeira vez que comi abacate (avocado) em forma de salada. A tardinha voltamos a Cusco e fomos dar umas voltas na feirinha de artesanato. Comprei umas malhas lindas de lã de alpaca.
No dia seguinte embarcamos em um trem com destino a Puno. Foi uma viagem interminável, não chegava nunca. Levamos 12 horas para percorrer 381km. A estrada de ferro que liga Cusco a Puno é uma das mais altas do mundo. Passamos por dezenas de vilarejos no meio dos Andes. Em alguns tínhamos que nos abaixar, pois havia risco de atentados do Sendero Luminoso, um grupo radical que estava em luta armada contra o governo. O Sendero Luminoso (“caminho iluminado", em espanhol) é uma organização guerrilheira de inspiração maoísta fundada na década de 1960 pelos corpos discentes e docentes de universidades do Peru. Abimael Guzmán (professor de Filosofia da Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga) é considerado seu fundador por excelência, e adota o codinome Presidente Gonzalo.
Ao passar pelo povoado de Tinta pediram para nos mantermos abaixados, porém ao ouvir o refrão tão famoso “El pueblo unido jamas será vencido” não resisti e levantei para dar uma olhadinha. Para minha surpresa eram só colegiais, aí aproveitei e tirei uma foto. As crianças adoraram e me deram tchauzinho. Quando achei que íamos dormir no trem de tão demorada que estava a viagem, chegamos a Puno.

Malu Pedarcini

sábado, 22 de janeiro de 2011

Patrimônio Cultural da Humanidade

 Machu Piccu - Peru - setembro de 1988.

Há diversas teorias sobre Machu Picchu, porém a mais aceita afirma que foi um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque.
O Peru é o berço de uma das civilizações mais interessantes e intrigantes da história, os Incas. Atualmente, as marcas desse incrível povo estão espalhadas pelo país, representadas nas sagradas ruínas de Machu Picchu, nos templos grandiosos e na natureza exuberante de Ica.
A 7 de Julho de 2007, em Lisboa, Portugal, o monumento foi eleito e considerado oficialmente como uma das 7 maravilhas do Mundo.
Machu Picchu está situada no alto de uma montanha, cercada por outras montanhas e circundada pelo rio Urubamba, o que e lhe proporciona uma atmosfera única de segurança e beleza. Isto explica que não foi por acaso que a civilização Inca escolheu esta montanha. Pela obra humana e pela localização geográfica Machu Picchu é considerada patrimônio cultural da humanidade.
A disposição dos prédios, a excelência do trabalho, e o grande número de terraços para agricultura são impressionantes. No meio das montanhas, os templos, casas e cemitérios estão distribuídos de maneira organizada, abrindo ruas e aproveitando o espaço com escadarias. Segundo a histórica inca, tudo planejado para a passagem do deus Sol.
É possível chegar à cidade sagrada de trem, mas a opção imperdível para quem gosta de aventura é percorrer a Trilha Inca e chegar em Machu Picchu pela Porta do Sol. Pode-se realizar a Trilha Completa, caminhando os 45 km em 4 dias com pernoites nos acampamentos com total infraestrutura, ou fazer a Trilha Curta, que pode ser realizada de duas maneiras: em dois dias, com pernoite no alojamento próximo às ruínas de Wina Wayna, chegando à Porta do Sol pela manhã ou caminhar os 12 km num único dia, chegando em Machu Picchu no final da tarde.

Malu Pedarcini


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

No santuário da cultura inca

Com o lhama Pablo em Machu Pichu - setembro de 1988.
A chegada pela Porta do Sol - Machu Pichu - Peru - setembro de 1988.
 No trem, a caminho de Machu Pichu - setembro de 1988.

Enfim, chegou o grande dia. Iríamos para Machu Pichu logo cedo. Fomos até a estação de trem e embarcamos rumo ao meu sonho de criança. Foi uma viagem muito legal passando por regiões lindíssimas de vales e montanhas. O trem estava apinhado de turistas de todas as partes do mundo e ia tocando uma música que nunca mais vou esquecer “El Condor Pasa”.
Essa canção está gravada para sempre em mim e toda vez que lembro ou vejo as fotos de Machu Pichu é nela que penso. É estranho como uma música pode marcar de forma tão intensa uma paisagem. Finalmente chegamos e o guia que recepcionou-nos fez a entrada pelo portão da cidade (Porta do Sol) onde termina o Caminho Inca, ou seja, a entrada dos turistas que fazem a caminhada por este caminho. A visão é linda, majestosa, maravilhosa. Faltam adjetivos para descrever tudo o que vi e senti. Fiquei tão emocionada que abri a torneirinha e chorei. Estava realizando um dos grandes sonhos da minha vida, conhecer o santuário da cultura inca.

Malu Pedarcini

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Indiferença

"Já vivi o suficiente para ver que a diferença provoca o ódio."
 
O novelista e escritor francês Marie Henri Beyle, mais conhecido como Stendhal, também poderia ter usado nesta frase a palavra “indiferença”, em substituição a palavra “diferença”, pois esta fere muito mais e, por conseguinte desperta dor de cotovelo, despeito e inveja.

Malu Pedarcini

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

No umbigo do mundo

Fortaleza de Sacsayhuaman, em Cusco - Peru - setembro de 1988.

 Eu, Sandra e Ivani, no Hotel Alhambra II, em Cusco, no Peru - setembro de 1988.

Após conhecer Lima fomos em direção a Cusco, que na língua quíchua significa "Umbigo do Mundo". Viajamos de avião e chegamos rapidinho. A cidade de Cusco tem em sua redondeza diversos sítios arqueológicos como Korikancha, a fortaleza Ollantaytambo, e a fortaleza de Sacsayhuaman. A cidade é bem interessante, bem típica.
A catedral é maravilhosa com seu altar de prata maciça. O Império Inca (Tawantinsuyu em quíchua) foi um estado-nação que existiu na América do Sul de cerca de 1200 até a invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em 1533. Cusco é uma cidade de grande altitude (3.400 metros acima do nível do mar). Era o mais importante centro administrativo e cultural do Tahuantinsuyu, ou Império Inca. Lendas atribuem a fundação de Cusco ao inca Manco Capac no século XI ou XII. As paredes de granito do palácio inca ainda estão lá, bem como monumentos como o Korikancha, ou Templo do Sol. Depois do outono do Império, em 1532, o conquistador espanhol Francisco Pizarro (sempre ele, o maior criminoso da história dos nativos americanos), invadiu e saqueou a cidade. A maioria dos edifícios incas foi arrasada pelos clérigos católicos com o duplo objetivo de destruir a civilização inca e construir com suas pedras e tijolos as novas igrejas cristãs e demais edifícios administrativos dos dominadores, desta forma impondo sua pretensa superioridade européia.

Malu Pedarcini

Domingo feliz

Com os primos de Santiago, neste domingo (16), em Apucarana. Tinha mais de 50 pessoas e rolou muita conversa, risada e comida maravilhosa preparada pela prima Nena.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sábado

Celene, eu, Santiago, Lívia e Renan, neste sábado (15), na Prainha São Carlos, em Água Boa.

Conscientização

Ontem li um comentário de um internauta dizendo que não tinha pena das pessoas que morreram na tragédia provocada pelo temporal na Serra Fluminense, no Rio de Janeiro. Segundo esta pessoa "quem manda esse povo ir morar em morro".
Fiquei horrorizada com um ponto de vista tão mesquinho. A criatura com certeza deve desconhecer os problemas de moradia que o país enfrenta e que os cidadãos que não tem dinheiro suficiente para morar bem, são obrigados a fazer suas casas em encostas, em periferias sem o mínimo de infraestrutura. Acredito que ninguém vá morar em favelas, ou em cima de um morro por gosto, porque acha bonito. O que deveria existir de fato são políticas públicas para melhorar as condições de vida dessa população tão castigada e claro uma campanha de educação, pois a natureza nada mais faz do que devolver o que nós causamos a ela.

Malu Pedarcini

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

No berço da cultura Inca

 Sandra, eu e Ivani, na Alameda de Los Descalços em Lima - setembro de 1988

Em 1988 fiz minha primeira viagem internacional. O meu sonho de infância estava se realizando. Embarquei para o Peru com meus amigos Ivani, Joceli, Sandra e Sr. João. A viagem já começou meio estranha, pois no voo embarcaram algumas dezenas de indianos, todos vestidos à caráter. Para meu desespero não conseguimos os assentos todos juntos e cada um ficou numa fileira e claro cercados por aquele povo estranho, que rezava, cantava e comia umas coisas esquisitas que a Ivani jurou serem olhos de carneiro. Foi a viagem mais longa da minha vida, embora tenha durado somente cinco horas. Desembarcamos quase meia-noite e no aeroporto de Lima não vimos viva-alma a não ser os taxistas que nos disputavam a tapas. E o receptivo que viria nos buscar no aeroporto onde estava? Depois de uma hora e meia de espera ligamos para o hotel em que ficaríamos hospedados em Lima e eles nos disseram que a pessoa que nos buscaria não tinha nos encontrado no aeroporto e voltara ao hotel. Aí descobrimos que na chegada alguém perguntou para a Joceli qual a empresa que estava fazendo o nosso receptivo e ela deu o nome da agência do Brasil. Aí o cara foi embora, o burraldo. Nós inexperientes e ele uma anta. No final chegamos ao hotel já era madrugada do dia seguinte. Ficamos alguns dias em Lima, onde passeamos e conhecemos os pontos turísticos da cidade. Vale destacar os Museus do Ouro que como o próprio nome diz tem em seu acervo centenas de peças todas de ouro maciço. É tanto brilho que chega a doer os olhos. O Museu de Armas também é digno de uma visita, pois concentra armas de diversos períodos da história do Peru e do mundo. Fomos também ao Mosteiro de Santo Domingo e ficamos impressionados com milhares de crânios que existem em seu subsolo. É de fato impressionante, deixa arrepiado qualquer turista desavisado.

Malu Pedarcini

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nas ondas do rádio

No programa "Resumo Semanal", na Rádio São Francisco - janeiro de 2011.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Dia mundial da fotografia

"Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração" (Henri Cartier Bresson)

Hoje, 8 de janeiro, é o Dia Mundial da Fotografia. A palavra fotografia é originária do grego e significa "desenhar com luz". O princípio da câmera escura foi descoberta em 1554 por Leonardo Da Vinci. Segundo este princípio, a luz refletida por um objeto projeta fielmente sua imagem no interior de uma câmera escura, que contenha um orifício para a entrada dos raios luminosos.
A fotografia mais antiga que se tem notícia é de 1826 e foi feita por um francês, Joseph Nicéphore Niépce. Entretanto, de lá para cá, a fotografia foi sendo aperfeiçoada e atualmente com as máquinas digitais, essa arte está bastante popular. Apesar dessas facilidades, fotografar exige mais que técnica e tecnologia. Exige também sensibilidade, um olhar mais profundo do objeto em foco, pois a imagem deve interpretar a realidade, não apenas copiá-la. É o registro de um momento único, singular, onde o fotógrafo capta uma situação real e a transfere para o papel, ou transforma em imagem virtual.
Cabe a cada um que pratica essa arte interpretar a imagem, colocando nela repertório e sentimento. Ah, Parabéns a todos aqueles que captam com suas lentes um pouco do cotidiano e tornam as páginas e as telas mais vivas e bonitas!

Malu Pedarcini

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fragmentos da minha vida

 Forte Orange, na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco - setembro de 1987.

As férias do ano anterior foram tão boas que repeti a viagem em 1987. Voltei ao Nordeste passando por João Pessoa, Recife, Maceió, Natal e Fortaleza. Fiz a viagem até Maceió de avião depois segui de ônibus pelos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Em Maceió fiz todos os passeios de praxe incluindo Barra de São Miguel com sua praia com quilômetros de arrecifes que formam piscinas naturais para os banhistas. Segui viagem e conheci as cidadezinhas de Itapissuma e a Ilha de Itamaracá em Pernambuco. Nessa ilha localiza-se o Forte Orange construído pelos holandeses em 1631. Próximo a Recife conheci a Igreja de Nossa Senhora dos Guararapes construída em 1656. Também fui ao Mercado Central que já foi uma casa de detenção e o Forte das Cinco Pontas, construção holandesa de 1630 e local onde foram enforcados os líderes da Confederação do Equador e fuzilado Frei Caneca em 1825.
No Recife acontece o encontro do rios Beberibe e Capibaribe que desaguam no Oceano Atlântico. Cercado por rios e cortado por pontes, é cheio de ilhas e mangues que magnificam sua geografia. É conhecido como "Veneza Brasileira" - graças à semelhança fluvial com a cidade européia. Sua região metropolitana compreende as 14 cidades do Grande Recife.
A Região Metropolitana do Recife é a mais populosa do Nordeste e a quinta maior metrópole do Brasil. Com um PIB de mais de 14 bilhões de reais. A economia gira em torno do comércio e prestação de serviços.
Em Recife fiquei hospedada no Hotel Miramar, onde também estavam hospedados a cantora Alcione e o jogador de futebol Éder, aliás, que ficou me paquerando descaradamente no café da manhã. Não dei a mínima para ele, pois o achei muito presunçoso, tinha jeito de ser o maior galinha, aliás, o tipo de homem que abomino. Uma noite tinha ido numa casa de shows chamada Cavalo Dourado e na volta ao chegar ao hotel dei de encontro com ele no saguão. Só faltou me devorar com os olhos. Eu ergui os ombros e agi com naturalidade fingindo que não era comigo. Pedi a chave e me dirigi ao meu quarto. No dia seguinte soube que ele insistiu com o recepcionista para que dissesse em que quarto eu estava. Ainda bem que o rapaz era correto e não disse nada.

Malu Pedarcini

Fragmentos da minha vida

 Helena e eu passeando de jangada em Pajuçara - Maceió - setembro de 1986.

Em 1986 fui novamente para Santa Catarina onde passei alguns dias em Camburiú com direito a uma esticada em Floripa e Blumenau.  Aí resolvi que precisava conhecer o nordeste e parti em direção a Maceió e Fortaleza. Foi minha primeira viagem aérea. Na capital alagoana fiquei deslumbrada com as lindas praias salpicadas de coqueiros. Foi lá que provei pela primeira vez agulhinha frita, um peixe que como o próprio nome diz, é fininho e comprido e se come torradinho. Um manjar dos deuses. Em Maceió conheci o Mário Jorge e com ele dancei forró a noite toda. Só não esperava que ele se apaixonasse por mim. Mário, um menino lindo de olhos azuis, mais jovem que eu e filho de usineiros encasquetou que ia casar comigo. Quando voltei para casa ele ficou muito chateado. Vivia me ligando, dizendo vou te mandar a passagem para você passar o fim de semana comigo, fez de tudo para que eu voltasse à Maceió, porém apesar do carinho que tinha por ele, não o amava para tomar uma decisão tão séria assim. Dele restaram algumas cartas de amor (naquela época escrevíamos cartas) que guardo com carinho.

Malu Pedarcini

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Fragmentos da minha vida

 Lourenço, eu e Harumi, na chalana no Rio Paraguai - maio de 1985.
 Em Foz - abril de 1985.

Em 1985 fui conhecer um paraíso ecológico, o Pantanal.
Fui sem muitas expectativas e voltei maravilhada. Foi uma das melhores viagens que fiz até hoje. Dessa viagem restou uma amizade que perdura até hoje, embora não nos tenhamos visto mais. Essa pessoa maravilhosa é o meu amigo Lourenço que mesmo a distância tem acompanhado minha vida ao longo de todos esses anos. Lourenço é desses amigos com os quais a gente pode contar em todas as dificuldades, ele sempre tem uma palavra de carinho, principalmente nos momentos difíceis. Falamos-nos regularmente nestes vinte e poucos anos de uma amizade sincera e afetuosa.
Ainda neste mesmo ano fui conhecer um lugar que considero a oitava maravilha do mundo, as Cataratas do Iguaçu. De quebra, conheci Curitiba com seus diversos restaurantes italianos no bairro de Santa Felicidade. Comi muito frango com polenta, uma delícia.

Malu Pedarcini

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Noel, o poeta da Vila

Nasceu em uma família de classe média, dessas que sonham em ver o filho médico ou advogado. Mas, o menino não dava prá isso não. Desde cedo o batuque dos morros o atraia e ele se apaixonou perdidamente, não por uma mulher, mas pelo samba.
Branco, vivia no meio dos negros, nos bairros pobres, nas favelas, e seu talento pode ser apreciado quando em 1929, com Almirante e João de Barro, o Braguinha, formaram o Bando de Tangarás.
Começaram com canções inspiradas no Nordeste brasileiro, porém o sangue do menino da vila estava impregnado pelo ritmo dos negros, da marginalidade.
Compôs sambas belíssimos e revolucionou o gênero, como a imortal “Com que Roupa”, composta em 1931, que foi considerada um marco na musicografia brasileira.
Mas, o poeta talentoso, sofria com a aparência. Franzino e considerado “feioso” por causa de um problema estético no queixo, causado na hora de seu parto (teve o queixo quebrado ao nascer por fórceps), ainda assim não se abateu e nos seus poucos anos de vida produziu cerca de 230 canções.
Noel Rosa, morreu aos 27 anos, com apenas oito anos de carreira e não foi enterrado com “uma fita amarela”, mas com certeza o seu nome ficou gravado não somente com o nome dela, mas com o nome de seus milhares de fãs.

Malu Pedarcini