domingo, 29 de maio de 2011

Rumo ao Velho Mundo

Embarcamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos (foto) às 20h e nossos amigos Lauro, Kurt, Ivani e Joceli foram nos levar ao aeroporto. Os parentes da Sandra também foram para se despedir.
Tomamos nossos lugares no avião, um Boing da Ibéria, e após 35 minutos aterrissamos no Rio. Ao chegarmos ao Rio um dos comissários cometeu uma gafe dizendo que os passageiros deveriam desembarcar. Aproximadamente 90% pegaram a bagagem e quando já estava aquele tumulto, todos querendo sair ao mesmo tempo, tiveram que retornar e voltar aos seus assentos, pois a informação sobre o desembarque não procedia. Nós ficamos na nossa, bem quietinhas, sentadas nos nossos lugares, pois desconfiamos que o comissário havia dito uma bobagem. Após o esclarecimento todos se sentaram e o voo pode ser reiniciado.
Por falar em comissários, nunca tínhamos visto nenhum com idades tão elevadas como os da Ibéria. Eram velhuscos, coroas mesmo.
Decolamos do Rio às 22h30 e ceamos sobre o Atlântico à meia-noite. O voo durou 9h30 e talvez em razão da nossa expectativa pelo que encontraríamos ao chegar por lá, até que passou rápido.

Malu Pedarcini

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Alçando voos mais longos

Em 1991 resolvi que já era hora de conhecer a Europa. Então, acompanhada de minhas amigas Beatriz e Sandra e de Dona Lydia, mãe da Bia e minha segunda mãe, embarcamos para o Velho Mundo.
Dizem que o melhor da viagem vem antes. Eu não chegaria a afirmar isso, mas o planejamento, as pesquisas que fazemos dos lugares que queremos conhecer, bem como a expectativa de conhecer coisas novas e encontrar surpresas pelo caminho é muito gostoso.
Como seria a nossa primeira viagem para a Europa, a vontade era conhecer tudo, só que isso se tornou inviável pois tínhamos apenas 33 dias de férias e os lugares que gostaríamos de estar eram muitos.
Fizemos a opção por uma excursão, em função da barreira da língua, uma vez que nenhuma de nós dominava o inglês. Optamos por conhecer as capitais, pois não conhecíamos nada da Europa e seria um começo. Afinal, tudo seria novidade. E assim, após pesquisarmos preços e roteiros embarcamos dia 06/09/1991, em nossa primeira incursão pelo dito Velho Mundo.

Malu Pedarcini

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Na Ilha Grande

Ainda em 1989 fui com meus eternos amigos para a Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Foi uma aventura e tanto. Fomos com uma japonesa, amiga da Ivani, a Keiko.  A família dela tinha uma pousada lá na ilha, um negócio assim bem rústico, mas o que faltava em infraestrutura sobrava em beleza.

Descemos até Angra de ônibus e depois pegamos um barco de pescadores até a Praia do Bananal, onde ficava a pousada.

Ficamos em quartos comunitários com beliches, um aperto só.
O banheiro era coletivo e a água fria. Sorte que estava calor. Luz elétrica só por gerador e até as 22 horas.


Ainda assim valeu cada minuto naquele paraíso. Com uma paisagem exuberante, um mar transparente e com direito a caminhada por trilhas pela Mata Atlântica.
Na hora do café da manhã era o maior barato. Na mesa enorme, ao ar livre, mais de 30 pessoas, todos turistas, sentados lado a lado em perfeita comunhão, não somente com o pão dividido, mas com a natureza. Tudo na mais perfeita harmonia.



Um dia pegamos um barco e fomos para as praias de Freguesia de Dentro e Freguesia de Fora, do outro lado da ilha.

Neste dia o almoço foi peixe pescado na hora e assado em uma churrasqueira improvisada na praia. Senti-me a própria Robinson Crusoé.
Ficamos por quatro dias naquele paraíso e na volta nosso amigo Ricardo teve um piriri e como no barco não tinha banheiro tiveram que evacuar os fundos para ele poder fazer suas necessidades. Ao voltarmos espalhamos para todo mundo que ele tinha ficado com o vento a favor e poluído a Baia da Ilha Grande matando todos os peixes.
Ele quis nos matar, mas depois passou.

Malu Pedarcini

domingo, 15 de maio de 2011

Augusto Boal: o homem que revolucionou o teatro

"Damos pequenos passos, mas é com pequenos passos que se iniciam as longas caminhadas. Obtemos vitórias simbólicas: mas sem os símbolos, o que seria da civilização?"

O dono dessas frases revolucionou o teatro brasileiro. O ensaísta e dramaturgo Augusto Pinto Boal, foi além na forma de apresentação nos palcos. De um lugar aonde as pessoas iam para assistir, ele fez com que a plateia se comunicasse com os atores. O tradicionalismo deu lugar à participação, onde havia a interferência do público.
Esse carioca, filho de pais portugueses, cursou Química para agradar ao pai, mas na realidade seu mundo girava em torno das Artes.
Idealizou o Teatro do Oprimido, que teve como referência a Pedagogia do Oprimido do educador Paulo Freire.
O início da carreira aconteceu em 1956, como diretor do Teatro de Arena de São Paulo. No ano de 1971, em plena ditadura militar, foi preso e exilado.
Sua estada em Paris foi das mais produtivas. Lá fundou o Centro de Teatro do Oprimido em 1979 e espalhou a técnica para a América do Sul, Europa e Estados Unidos.
Voltou ao Brasil em 1986 e ao lado do sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro fundou a Fábrica de Teatro Popular, que passou a fazer oficinas em presídios e comunidades carentes.
Respeitado aqui e no exterior, teve suas obras traduzidas para mais de 25 línguas.
Firme e participativo, sua atuação frente ao Teatro de Arena foi fundamental na consolidação do teatro no Brasil. O reconhecimento veio em forma de prêmios como o Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres, outorgado pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França, em 1981, e a Medalha Pablo Picasso, atribuída pela Unesco em 1994 e a nomeação como embaixador mundial do teatro pela Unesco, em 2009.
Neste mês de maio é aniversário de sua morte. Há dois anos Augusto Boal morria aos 78 anos, vítima de leucemia. Coincidentemente, no mesmo dia que morreu Paulo Freire, que tanto o inspirou.

Malu Pedarcini

terça-feira, 10 de maio de 2011

Em Cabo Frio

A patota toda no hotel em Cabo Frio
Em 1991 eu e a  “tiurma” fomos para Cabo Frio. Foi nessa viagem que conhecemos a Luisa, que se tornaria uma das nossas melhores amigas. Ela se encantou com o Edison que tinha ido conosco e fez de tudo para conquistá-lo. A Ivani em seu excesso de imaginação contou para ela que éramos todos viúvos, que nossos cônjuges tinham morrido em um acidente coletivo e ela acreditou piamente na história. Ficou o tempo todo tentando consolar o Edison e nós dando a maior força. Ainda dizíamos para ela que deixaríamos o Edison namorá-la, pois tínhamos simpatizado com ela, pois do contrário ela não chegaria nem perto dele. A Luisa era divorciada e tinha um filho de quatro anos, o Danilo, que viemos a conhecer posteriormente.

Eu, Luisa e Edison (foto atual)

Pois bem!  Eles começaram a namorar e no princípio ela vinha de Sorocaba onde residia, para São Paulo e ficava na minha casa. Depois passou a dormir na casa do Edison, mas me deixou antenada se caso alguém da família dela ligasse para eu dizer que ela estava hospedada em minha casa. Esse namoro rendeu e hoje eles estão casados e tem um filhinho de 10 anos, o Luiz Henrique.

Malu Pedarcini

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Arquipélago Gulag

Para quem preza a liberdade, ler o livro “Arquipélago Gulag” é um exercício de coragem. Escrito por Alexander Soljenítsin entre 1958 a 1967, a obra de 1800 páginas relata a sua experiência nos gulags (campos de concentração e trabalho forçado na antiga União Soviética).
Durante mais de uma década Soljenítsin esteve preso em Kolima, um dos campos do arquipélago, por ter feito críticas ao governo do ditador Josef Stálin.
O livro, publicado no Ocidente somente em 1973, traz à tona as atrocidades praticadas pelo potente braço armado de Stálin. Ele mostra em toda a sua crueza os métodos nada ortodoxos de coação e tortura.
Em certa parte do livro o autor lista esses métodos que deixariam até a pessoa mais insensível trêmula.
A obra também traz depoimentos dos 227 prisioneiros e reproduz conversas ouvidas pelo autor durante sua estada no Kolima.
Para quem não conhece a História, poderia imaginar-se diante de um livro de terror, com tudo que isso implica. Historiadores comparam esse período por qual passou Soljenítsin aos da Inquisição na Idade Média.
É um livro para ser lido por quem tem sangue-frio o bastante para fazer uma interpretação correta, pois suas páginas trazem histórias de vidas destruídas por anos de humilhação, tortura e falta de dignidade humana.
Logo na dedicatória você terá um exemplo disso, pois Soljenítisin diz:
"Dedico este livro a todos quantos a vida não chegou para o relatar. Que eles me perdoem não ter visto tudo, não ter recordado tudo, não me ter apercebido de tudo."
Ler “Arquipélago Gulag” é entender que o mais importante para o ser humano é a liberdade. Liberdade essa, não somente física, mas de ideias, de pensamentos.

Malu Pedarcini