sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mais fragmentos da minha vida

Outra curiosidade minha de criança era conhecer um japonês, pois até então nunca tinha visto um. Meus pais falavam que no Paraná havia muitos e eu nem imaginava que japonês era gente. Quando fui apresentada para um deles pela primeira vez, fiquei decepcionada e indaguei na minha inocência de criança: “puxa, mas japonês é gente?” Imaginava tudo, menos que fosse um ser humano, como eu. E assim lá pelos idos dos anos 60, chegamos de mala e cuia no Paraná. Fixamos residência em um vilarejo chamado Içara, situado no norte do estado. Para quem estava acostumado no paraíso aquilo parecia o fim da picada. Içara (foto atual) tinha no máximo umas 200 casas, todas de madeira, algumas em completo estado de decadência e o chão com aquela terra roxa deixando tudo com aparência de sujeira piorava ainda mais. Embora naquele tempo nunca tivesse assistido a nenhum filme, se fosse fazer uma imagem do lugar na época, com certeza seria uma daquelas cidades do velho oeste americano perdidas nos confins do mundo. Foi nesse ambiente de total liberdade que passei os melhores anos da minha vida. Tive uma infância maravilhosa, com direito a comer frutas no pé, andar descalça, tomar banho de rio, ter contato com todos os tipos de animais e a natureza.

Malu Pedarcini

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