terça-feira, 21 de setembro de 2010

A lista de Aristides

A maioria de nós com certeza já ouviu falar de Oskar Schindler, o empresário alemão que ficou célebre por ter salvado 1.200 trabalhadores judeus do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial e ganhou uma justa homenagem com o filme de Steven Spielberg “A Lista de Schindler”. E da lista de Aristides, alguém já ouviu falar? Esse diplomata português que em junho de 1940, em plena guerra, desobedecendo uma ordem do ditador Salazar, que governava Portugal, concedeu vistos a milhares de refugiados que escapavam das tropas nazistas que invadiram a França. Salvou 30 mil pessoas do campo de concentração e da morte. Por essa atitude humanitária ele que era cônsul de Portugal na França foi destituído do cargo e condenado a ficar sem trabalho. Um dos depoimentos mais contundentes foi o do filho Pedro Nuno que disse: “Meu pai passou a dar visto a toda gente. Deixou de haver nacionalidades, raças e religiões". De acordo com Pedro, seu pai afirmou ter ouvido uma voz, a de Deus ou a de sua consciência, que lhe ditara a conduta a seguir. "Só agindo dessa forma, seguindo a minha consciência, serei digno da minha fé de cristão”, teria dito. Morreu em 1954, de fome e frio ao tentar queimar as portas da residência onde morava, e segundo a criada que o acompanhava “já nem sequer tinha força nos dedos para deitar as tábuas à lareira". Em 2006, veio o reconhecimento. Em uma enquete promovida pela Televisão de Portugal (RTP) para escolher “o maior português de todos os tempos” Aristides de Sousa Mendes ficou em terceiro lugar na frente dos ilustres Fernando Pessoa, Camões e Marquês de Pombal. Mas, infelizmente o reconhecimento veio tarde demais.

Malu Pedarcini

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