quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Poeta, poetinha, camarada

“Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver...”


Ele dizia que cantou antes de falar. Amava as mulheres e adorava casar (foram nove casamentos ao todo). Certa vez questionado pelo parceiro Tom que lhe perguntou quantas vezes pretendia se casar, respondeu: “Quantas forem necessárias.”
Musas também foram muitas e uma delas serviu-lhe de inspiração. Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, ou Helô Pinheiro, imortalizada em Garota de Ipanema. E com os versos “olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...” o mundo o conheceu.
Mas como dizia Stanislaw Ponte Preta ele não era apenas um, era muitos. Dedicou-se a muitas profissões, entre elas foi diplomata, mas a poesia e a música sempre foram prioritários na sua vida. Adorava um uísque. Dizem que no fim de 1962, ele e Baden Powell se trancaram no apartamento do letrista por quase três meses. Compunham compulsivamente e bebiam idem. Saldo: 25 canções e 20 caixas de uísque Haig’s. Quase uma caixa por canção, ou 2,666 garrafas por dia.
Teve parceiros memoráveis, porém a parceria mais longa foi com Toquinho. Desta união dizia: “Toda parceria é um casamento, onde há tudo, menos sexo”. Tinha ciúmes de Toquinho. Uma manhã acordou de mau humor e disse a Toquinho que, se um dia ele o traisse, quebraria-lhe a mão. E completou: “Com um martelo.” Em 1971 com a censura podando tudo eles acharam um jeito de mandar todo o mundo para aquele lugar numa época em que não se podia dizer isso. O refrão:
“Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do kabuletê”

A parceria terminou em 1980 com a morte de Vinicius. Dele, Drummond disse: O único poeta que viveu como poeta.

Malu Pedarcini

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