segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A versão do militares sobre a prática da ditadura


O jornalista Lucas Figueiredo em seu livro 'Olho por Olho" aborda a competição entre apoiadores e opositores da ditadura militar. São duas versões diferentes, uma gravada no volume "Brasil: nunca mais", projeto que teve como líder o cardeal D. Paulo Evaristo Arns e a outra escrita pelos militares, que se escondeu por muitos anos. Esta versão chama-se Orvil que significa livro ao contrário e teve apenas 15 cópias que foram escondidas a sete chaves. Lucas Figueiredo teve acesso a uma dessas cópias e seu livro conta de forma abrangente os anos que se sucederam à anistia. Falando sobre este período ele afirma que o que veio à tona sobre as práticas da ditadura é perfumaria.
O projeto Orvil durou três anos, de 1985 a 1988 e resultou em um livro que nunca foi publicado. A intenção era rebater o volume "Brasil: nunca mais". Segundo Lucas na versão militar existem acusações esdrúxulas como a de que o escritor Antônio Callado era um agente de Cuba. Ou que o assassinato do jornalista Vladimir Herzog foi suicídio. Em geral, há uma leitura enviesada da história. Ainda sobre Orvil ele diz que “O Exército põe o dedo numa ferida que boa parte da esquerda sempre jogou debaixo do tapete: todos os grupos que participaram da luta armada queriam derrubar a ditadura militar para instalar uma ditadura de viés comunista ou socialista. Ninguém pensava em reconduzir ao poder o presidente deposto, João Goulart. Mas a esquerda acabou criando a lenda de que todos os grupos buscavam a democracia. Outra questão é o envolvimento – pequeno, mas verdadeiro – de guerrilheiros de esquerda com o terrorismo, ou seja, com ações contra a população, e não apenas o inimigo militar. Por fim, estão relatados casos em que militantes de esquerda foram assassinados por seus próprios companheiros, como Márcio Leite de Toledo e Carlos Alberto Maciel Cardoso, ambos da ALN (Aliança Libertadora Nacional), e Francisco Jacques Moreira de Alvarenga, da RAN (Resistência Armada Nacional). O justiçamento de companheiros de luta, praticado por alguns grupos, ainda hoje é um tabu para a esquerda”.

Malu Pedarcini

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