sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Agreste

Ouvem-se gritos e sussurros
Vozes abafadas e tristes
São os homens trabalhando
Na construção da represa.

Faces sombrias de seres esquálidos
Pele queimada do sol
Pergaminho de sangue e veias
Mãos calejadas, olhos ressequidos
Carregam amores, desejos e dores.

Ninguém os escuta
São como vermes revirando a terra seca e árida
Sentem fome e sede
Entretanto, nada disso importa
Seu alimento é a persistência
E a coragem de lutar pela vida.

Quase noite,
Termina mais um dia de trabalho
Lá vão eles, caminhando em fila
Silenciosos
Guardando as últimas energias para o dia seguinte
Continuarão vivendo
Mas...
Até quando?
 
Malu Pedarcini

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