domingo, 24 de outubro de 2010

Prisão e liberdade

Este texto um pouco primário foi escrito há muitos anos, mais exatamente em 1979, e o achei entre os meus guardados.

Um solitário na sua cela vazia. O espaço reduzido mal dá para caminhar. Uma goteira pinga incessantemente, marcando em um compasso irritante, o único som dos arredores.
A barba por fazer não o incomoda, assim como, o rato que passeia, já familiarizado com aquele estranho hóspede. Há quantos anos está ali? Nem ele mesmo sabe responder esta pergunta. Às vezes tem a impressão que fora ontem que tudo acontecera. Outras vezes, parece que está naquele lugar há um milhão de anos.
Também, agora nada mais tem importância. Os valores dantes assimilados se perderam no tempo e no espaço. Somente as ideias persistem, não o abandonam. Sem elas, talvez não tivesse sobrevivido. Mas, graças à força interior que traz dentro de si, não lhe tomarão o que possui de mais valioso: a liberdade.
Não! Não é louco. Para ele, a liberdade está além de qualquer violência ou degradação. Para ele, a liberdade provém do espírito, da paz adquirida por meio do dever cumprido, de não haver falhado na hora precisa.
Sorri na sua solidão. Sabe que pode morrer, porém não será esquecido, pois sabe também que as ideias são eternas, não morrem jamais.

Malu Pedarcini

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