quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bituca das Gerais

Para a família ele sempre foi o “Bituca”, menino inteligente, o melhor da sua turma no ginásio. Mas nem por isso pode representar a classe na sua formatura, pois o baile de gala no tradicional Clube Literário Recreativo Trespontano, da cidade mineira de Três Pontas, proibia a entrada de negros em suas dependências. Aquilo foi a morte para o menino negro. Ele que era tão amado pelos pais brancos, não entendia o porquê de ser tão discriminado. Dos pais adotivos que o criaram e dos irmãos disse certa vez: "Sou fascinado pela minha família, acho que eu não poderia ter tido mais amor, educação e liberdade em nenhuma outra família no mundo. Eles moldaram a minha vida.”
A música sempre fez parte da sua vida, porém foi somente em 1967 no 2° Festival Internacional da Canção, que ele consagrou-se definitivamente. Com a música “Travessia” conquistou o segundo lugar e foi aclamado como o melhor intérprete. Ao voltar a Três Pontas, uma surpresa. A prefeitura resolveu homenageá-lo e fez um evento no clube que a vida inteira lhe fechara as portas. Ele relutou em aceitar, mas aconselhado pela mãe compareceu. Entrou altivo, pisando firme no tapete vermelho, e adentrou no lugar que lhe tinha causado tantas tristezas.
Naquele momento o grande cantor e compositor entrou altivo pisando pelo tapete vermelho e passou pela porta que lhe fora fechada, quando era apenas o menino “Bituca”.
A partir daí sua carreira deslanchou e junto com seu parceiro mais fiel, o mineiro Fernando Brant, produziu as mais lindas músicas que alguém pode imaginar.

Malu Pedarcini

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