quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ariano, o decifrador de brasilidades

Esse mestre das letras, autor de obras-primas como "O Auto da Compadecida" e “Romance d´A Pedra do Reino”, diz que sempre gostou de ler e escreveu seu primeiro conto aos 12 anos. Sua autocrítica dessa primeira obra é severa. “Meu primeiro conto era horroroso. Era uma história de crime e sangue. Era horrível, de uma violência enorme”. Uma irmã mais velha leu o conto e adorou. Confessa: “Já aí comecei a ser incompreendido pela crítica. O conto era péssimo, mas minha irmã achou tão bom que eu não poderia ter escrito”. A partir daí começou a escrever poesias e não parou mais. Este defensor ferrenho da cultura popular, apreciador de almanaques, é um escritor de emblemas, cuja obra não se limita aos textos. Homem de ideias e ideais, defensor entusiasmado da riqueza da cultura popular. E para os que vacilam em relação aos rumos do Brasil, dispara a frase “Se perdermos até a esperança, não há caminho para nós”. Apaixonado pela literatura de cordel justifica dizendo que no folheto tem fundidos três tipos de arte: poesia; artes plásticas na capa, a xilogravura; e a música, porque é cantado, acompanhado por viola ou rabeca. Com 83 anos, bem vividos, Ariano Suassuna esse decifrador de brasilidades, como já foi chamado, é um dos principais preservadores da cultura do país.

Malu Pedarcini

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