quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Toquinho, alma de criança

Ele tem 45 anos de carreira e é um dos maiores compositores do Brasil. Mas não é apenas por isso que sempre fui sua fã não. O encanto vem lá dos idos dos anos 80 quando li um livro chamado "Minha Profissão é Andar", do escritor João Carlos Pecci, que é irmão do compositor e cantor Antonio Pecci Filho, mais conhecido como “Toquinho”.
Pelas páginas do livro conheci o Toquinho irmão e toda a sua generosidade na luta para ajudar João, o irmão mais velho, que é paraplégico desde os 26 anos, por conta de um acidente automobilístico.
Além da alma iluminada, da bondade, também o talento para a música que despertou cedo. Já aos 14 anos tinha aulas de violão e garante que as influências que teve de grandes estrelas como João Gilberto, Elvis Presley, Beatles, foram fundamentais.
Diz ele, “naquela época o rock tinha grandes estrelas. E nós optamos pelo violão de João Gilberto.”
Para Toquinho as décadas de 60/70 foram ricas em termos de criação musical. Porém a ditadura militar com o golpe de 1964 tentou aprisionar a liberdade de expressão e criação dos artistas. Ele tinha 18 anos e declara que o tempo fechou, mas não existia mais volta. Segundo ele, aquela geração estava no auge da criatividade, querendo colocar tudo para fora. Admite, que se naquele período tivessem a idade que têm agora, talvez fossem tomados pela frustração e depressão. Confessa que “Naquela hora fomos fazer, disfarçar, brincar e enganar ‘aqueles caras’. Acabamos passando por tudo e dando certo, cada um à sua maneira”.
Depois veio a parceria com o “poetinha” Vinícius de Morais e uma fase de muitos sucessos.
Atualmente ele não tem vínculo com nenhuma gravadora e se diz satisfeito com isso. “Não tenho gravadora há uns 20 anos. Foi opção minha. Ganhava mais dinheiro e fazia projetos paralelos com sócios, que sempre gostei de ter, sem esse paternalismo e escravidão da gravadora. Minha liberdade aumentou, ganhei cinco discos de ouro na Itália, utilizando as gravadoras. Elas só servem para lançar seu produto, mais nada. Só acreditam em algo que ouvem e gostam”.
Sua crítica às gravadoras não para aí. Diz ele: “A pirataria está mostrando que você pode vender muito mais barato - eles não pagam direitos autorais, mas mesmo assim daria para (as gravadoras) baixarem os preços.”
Ele que já encantou o mundo com suas músicas, criou aquarelas, magias e sonhos afirma que  “A música é um dos nossos patrimônios mais valiosos, a música que o mundo reconhece, feita por uma geração que está por volta dos 60 anos.”

Malu Pedarcini

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